segunda-feira, 18 de outubro de 2010

'Certa manhã acordei de sonhos intranquilos' #1

   Sonhos são enigmáticos, frutos de nosso mente, amedrontam e fascinam. Para uns, cheios de significados, já para outros não passam de pensamentos desconexos que vagam sem rumo por nosso subconsciente enquanto dormimos. Tamanho é o meu fascínio pelo mundo onírico que resolvi ceder a um pedido da minha irmã e transcrever aqui algumas de suas viagens por ele. Deliciem-se:

   Essa noite tive uma daqueles sonhos "Spilberguianos" como costumo chamar. 
   Sonhei o seguinte: Meu corpo conversava com meu próprio corpo e eu escutava a conversa. Era algo mais ou menos assim: 
"Meu coração fala o seguinte: Aqui, dentro de mim, existe uma cidade. Uma cidade inteira, florida com lindos jardins. As casas são coloridas, aconchegantes e não têm muros para separá-las. De dia, o sol é quente, forte, intenso. À noite, as luzes do poste a iluminam. As estrelas brilham como a lua. Mas a cidade é vazia. É vazia, muito vazia... Não tem crianças, nem velhinhos ou jovens... não tem ninguém. Ninguém consegue habitar na cidade que existe em mim. Ela foi invadida pelos fantasmas que moram no cérebro. Fantasmas tristes e cruéis que afugentavam a todos. Todas as noites esses fantasmas vêm até mim pra se certificarem que os poucos que conseguiram ficar se escondem e dormem em seus quartos escuros... eles também tentam ir embora. Eles estão indo embora.
   Como eu posso ser tão colorido e iluminado e você tão sombrio, tão frio? Pertencemos ao mesmo corpo, a mesma alma. Somos irmãos e tão diferentes. Por que você não me liberta para ao menos me deixar ser habitado?
 - O cérebro: Não sou assim porque quero. Eles me invadiram. Fizeram de mim sua morada, e hoje, na mais completa escuridão, não encontro mais caminho para me libertar. Não tenho descanso, e só consigo adormecer  quando recebo remédios. Eles brincam, brigam e se divertem em mim. Quando busco a luz eles apagam. Sou escravo. Tento te enganar, coração, me disfarçando como eles. Mas te garanto que se você se sente só, eu já não acredito mais em nada, a não ser na escuridão.
   Sou o que penso, em nada penso; te faço sentir a ilusão; te desiludo novamente. Mas creia, sou teu melhor amigo. Sou eu quem te mostro tudo como realmente é, sou quem coloca teus pés no chão. Você se orientou sozinho e só sofreu. Quando eu opino, você fica feliz. Então vê se entende, os fantasmas são teus anjos e teus amigos, os fantasmas... entendeu coração?  


Anna Oliveira.

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